domingo, 30 de agosto de 2009

Uma limitação.



Olhos castanhos eram tudo que lhe passavam pela cabeça. Não seria comprometedor arriscar um traço do qual você sempre quis distanciar? Ele sabia disso, e sabia também que havia errado... Todas as vezes em que contrariava a lei de que não escolhemos se ou por quem caímos de amor, contando com genes que lhe trouxessem belos olhos azuis. A menina de sobretudo daquela manhã o havia encantado, seja pelo sorriso ou pela voz, ele não sabia bem qual era a mágica. Ele havia estado estagnado, diante de milhares de pessoas, direcionando uma atenção exagerada para aquela doce mulher.

Agora se sentia culpado, decepcionado com seu libido. Permanecia dentro dele um desejo pulsante pela mulher sem nome, de olhos castanhos e cílios alongados. Enquanto a burguesa dos olhos azuis tentava tomar algo dele. Já não conseguia decifrar os sussurros, estava vendo embaçado e sentia tontura pelo cheiro de prostíbulo que saltava no ar. Não era tão mal. Em verdade, era uma cheiro quase doce e forte. Mas sua mente vagava muito longe para que seus sentidos identificassem o certo.

Ele voltou ao ar, tentou algumas vezes se apaixonar pelos olhos azuis que o rondavam, mas nem de longe conseguia se enganar, tampouco enganava a mulher. Ela havia percebido e sentia uma vontade estrondosa de chutar cada pertence daquele professor “estúpido”. Vestiu os trajes e cavalgou até a saída, dando um coice na porta. Ele se estendeu ao sofá e passou o resto do dia lutando contra suas expectativas e suas vontades. Resolveu deixar para lá, mas ao sair pela noite seus olhos capturaram novamente aquela intensidade que lhe assegurava perfeitamente não ser uma mulher indefesa.

A conversa havia fluido, outros encontros se estabeleceram. Mas ele não conseguiu esquecer seus limites. Por um longo tempo deixou aberta uma informação de desprezo, e de desejo. Agora havia se apaixonado pelo que contrariava... Olhos castanhos? Nem de longe era sua preocupação, mas ele sempre se habitou ao sistema da reprodução, sem sequer um envolvimento emocional. Infelizmente a cegueira do amor não pode lhe controlar, num dia claro e frio largou o amor por uma noitada de vinho burguês.

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