segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Meus pertencentes 70% de angustia.


Há palavras que transformam a tentativa de voz em um silêncio perturbador. Ultimamente apenas tais palavras flutuam sobre meu continuo viver, esfumaçando os verbos e tornando-se um súbito morrer. O mais triste olhar é aquele que não reconhece sua profundidade no espelho. E é quando a água se intromete nos meus medos. Refletindo meu oco pensar, e fingidamente levando embora meu pranto. Tal pranto que apenas se espalha e se mistura. E tal pranto dissolvido me banha a face, me recorda as questões, me torna a rir da solidão.

Sozinha eu tentei voltar para casa, mas ao passar pela porta eu estranhei. Cada passo me angustiou de forma extraordinária, eu nada reconheci. O frio do chão, as cores das paredes, os móveis. E ninguém sabia que eu havia ido embora, pois então, não haviam sorrisos a me receber. Como em outras rotinas, passei pelo espelho cega olhando o chão. Me joguei ao mar de todas as minhas torturas, relembrando águas passadas, ondas perturbadoras e sentindo o sal arenoso puxando meus pés.

Há momentos em que é preciso ser socorrido, mas para tal ato é preciso esquecer como nadar. Mas o medo transformou o atuar em uma verdade absoluta. O ar foi sumindo como que num terço de segundo e minhas lagrimas correram em meu pulmão. Eu estive submersa, alguém vê. Meus movimentos tornaram-se lentos, e a gravidade sobre a água não tem força. O silêncio torna-se, muitas vezes, uma forma de se manter vivo. A tortura já cobre meus olhos, e é apenas o que posso enxergar. Há momentos de tão profundidade que se a boca for aberta a mais densa e salgada água rasgaria a garganta com lenta movimentação.

Se eu fechar os olhos a escuridão me tomará por completo, eu estou argumentando, estou tentando. Mas o som não sai e a água me toma. Eu deveria subir ao ar, até onde o sol existe, até onde o vento seca as águas. Mas de nada tão forte adiantaria, eu olharia aos lados e veria o mar. Manter os olhos abertos na dor, então, tem sido mais agradável que a oportunidade de fechar os olhos contra o sol, e não ver que o mundo está repleto de mar. Se me perguntam o que tanto me destrói, é saber lucidamente que grande parte do mundo tem tal água que me cerca. Que se poluiu, e agora, tem tal força sobre mim.

Eu estou presa em correntes, correntes ao fundo do mar.

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