segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Semeia.

Flor, que divina encobre campos
Antes escaldados na dor.
Que tem espinhos que encantam,
Que se faz musa do rancor.
Dói-me tanto abster-me da idéia
De sua beleza florescendo em minha vida.
Deveras invejo suas sementes espalhadas por aí
Pois em minha’alma seca
Não ousaram sorrir.
Tanto tento fazer dela broto meu
E frustro-me com o imparcial de seu fulgor
Diante de tanto desejo meu.
Tantos são os grãos jogados
E pouco deles foram regados a ponto de florescer.
Mas quem dera aos donos que lhe fosse permitido.
Pois tantas vezes foi meu próprio sol
Quem os proíbiu de crescer.
Por vezes até vieram, floresceram e encantaram.
Mas seus espinhos me espantaram,
— pela insegurança que toma a mim —
Ousei chamá-las de mal
Cortei o mal pela raiz.
Queria eu um regador, que me fizesse almejar
Um pranto de dor, de desejo de flor.
Regador de cores foscas, alegres ou sem nada.
Apenas um sem furos, cheinho d’água.
Só pra calar meu medo com a sedução
E fazer deixar crescer em mim a flor.

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