terça-feira, 15 de março de 2011

Viagem Homérica

Queria eu fazer resplandecer do seu rancor um amor tão puro quanto o meu. E tocar-te os olhos com os meus sem que o frio que se intensifica dentro de mim tenha medo de transparecer. Hoje eu me perco em devaneios, que por tão pouco não me fazem mal. Em meio a uma linha, uma frase, uma música; perde-se minha mente, que encontra em tão claro sonho pensamentos seus, que talvez jamais irão existir. Volto a vida com um piscar pesado, concentrando me outra vez naquilo que desapareceu porque simplesmente você me dominou.

Queria encontrar frases de encorajamento em todos os possíveis lugares encantadores. A literatura podia me encurralar, acusando meus sentimentos e me forçando a admitir o escudo protetor em que me entranhei só pra proteger de ti o meu frágil coração. As vezes até me vêm bons exemplos. E sempre me vem o medo de perder, mas nunca a coragem pra gritar.

Sabe você como é temer? Prender-se a uma verdade nua e crua, querendo levantar voo e impedida pelos pés colados ao concreto real? Temo tanto te perder que prefiro te perder aos poucos sem que ninguém saiba, ao invés de te perder de vez com um simples falar, contar... revelar.

Se me fosse permitido, eu te diria tudo que sei. Coisas que você sabe e eu sei. Que você nem sabe que eu sei. Coisas que você mal imagina, ou que talvez já saiba e apenas não diga. Que por humildade você nem pense em dizer. Todos já passaram por esse mar de subtendido... onde você jamais conta o que se passa por trás, só por medo de ter entendido errado. É aquele medo de levantar a mão e interpretar um poema, e apesar de definitivamente alguns concordarem com a sua visão, o cara lá da frente de dizer que está errado, que não foi isso que o autor quis dizer. “Mas boa criatividade a sua”.

Eu espero com veemência que um dia chegue a entender. E se me viesse uma oportunidade, eu lhe contaria tudo que se passa por trás, aquilo tudo que você já sabe. Aquilo que escorrega pela nossa voz entre as risadas, mas que nunca ameaçamos e nem pensamos dizer. Ainda que isso me fizesse destrambelhar as pernas, e que em diante eu desejasse estar tropega diante da vida. Só pra saber sem intermédios... eu seria capaz. Só pra entender você. Só pra compreender você. Só pra poder te admirar livremente e pra conseguir direcionar outra palavra a você. Ainda que isso significasse dor e uma sucessão de ignorâncias de sua parte. Só pra me colocar em meio a vida de verdade, não em meio a sonhos. Pra poder admitir os arrepios da sua presença. E pra poder deixar rolar pra fora toda tristeza sem vergonha ou medo do seu descobrir. Aquilo que voltou a me inspirar é a homérico, meu bem, que tanto tenho entre segundos... que me faz sorrir ainda em meio a tanta saudade, daquilo que nunca foi meu.

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