domingo, 28 de fevereiro de 2010

A menina e o sorriso.

Escrevi esse texto dia 10 de Janeiro de 2009. Senti falta de meus tempos de textos alegres.

     Saltando entre poças e pedras, equilibrando-se como em uma dança, cortando o vento com seu nariz pontudo e arrebitado, a menina cantava uma das canções mais doces que alguém poderia ter escutado. O céu começou a se abrir e as nuvens caíram sobre seus cabelos longos, ruivos e encaracolados, os deixando inteiramente úmidos e escuros. Ela subia em troncos e experimentava cata gota brilhante que caía do céu, depois assobiava o gosto de cada uma delas, assobiava, pois suas palavras tão juntas e mal pronunciadas pareciam mais o vento tocando sinos, o som perfeito para uma cena de amor.
     A menina se enquadrava em qualquer conto de fadas que continham alegria. Sua mãe corria, pressurosa, pedindo por uma pausa. A doce flor do jardim não iria parar, ela iria cantar e dançar até que todo o campo florescesse. Inclusive a decrépita arvore que era sua mãe. Por um breve momento todas as luzes pareciam ter apagado, a menina tropeçara em uma das menores pedras do jardim. A mãe desesperada gritava em uni som com um belo rapaz, repetiam um nome que mais parecia de um cachorro. Mas a menina pareceu não se importar; Com o nome e com o tropeço. Levantou-se mais sorridente do que antes, mais sorridente do que nunca. Rodou o casal dançando como se a música do vento contornasse e influenciasse cada pequeno e frágil músculo de seu corpo. Seu vestido encharcado balançava pesadamente, às vezes puxando um pouco seu leve corpo para baixo.
     Os pais pareciam irritados, mas ao mesmo tempo mimados, primeiramente interferiram na dança sentimental, depois permitiram, quase que se juntando. A menina parou com um olhar gratificado e proferiu “Obrigada, obrigada”. Pelos dois pares de olhos percebeu-se que o casal estava confuso, e a menina repetiu “Apenas Obrigada, não sabem o quanto eu me fiz, eternamente feliz”. Confundindo a cabeça de todos ela isso repetia por todas as manhãs, com um sorriso resplandecente, mas é tão simples entender. Era apenas uma humana, que impunha toda sua felicidade na simples vontade de sorrir, no simples toque e gosto da água da chuva e na liberdade momentânea que sempre fora a sua quimera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário